quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O terceiro idioma

Espanhol, francês, italiano, alemão? Ou, quem sabe, o mandarim, idioma oficial da China? É preciso escolher logo, pois português e inglês já não são suficientes para a conquista de um bom lugar no mercado de trabalho: dominá-los virou, simplesmente, obrigação. O mundo globalizado é uma realidade e, cada vez mais, os processos seletivos das empresas — principalmente os das multinacionais — estão valorizando o conhecimento de outra língua estrangeira. Por isso, os especialistas em Recursos Humanos (RH) aconselham a investir o quanto antes no aprendizado de uma terceira gramática.

E, se as projeções do banco americano Goldman & Sachs se confirmarem, pode ser que a exigência mais freqüente venha a ser o mandarim. A instituição afirmou, no início deste mês que, se o ritmo de crescimento da China se mantiver, em 20 anos o país se tornará a maior economia do mundo. Para o presidente da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), Paul Liu, essa é uma perspectiva possível:

— Qualquer profissional que queira participar de uma economia global vai acabar tendo que aprender mandarim. Hoje, já existe uma carência grande de pessoas com essa habilidade no Brasil. É uma língua difícil de se aprender, mas, dado o crescimento da China, o esforço pode compensar, e muito.
Somente a CBCDE congrega 400 empresas — a maioria brasileiras — que negociam ou têm interesse em manter relações comerciais com a China. Paul Liu lembra ainda que o número de pessoas que falam mandarim no mundo já é altíssimo: é o idioma usado por um em cada cinco habitantes do planeta. Sem falar que o poder econômico sempre foi razão para a difusão da cultura de um país. Basta ver que o francês foi idioma universal até a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos saíram vitoriosos do confronto, e o inglês se tornou uma referência até os dias atuais.
Não há, no entanto, unanimidade quanto ao melhor idioma a ser aprendido. Para a consultora de RH Jacqueline Resch, apostar no estudo de espanhol é uma boa idéia:

— Muitas multinacionais concentram, no Brasil, seus escritórios para a América Latina. Por isso, os profissionais que trabalham nessas empresas acabam tendo que se comunicar com os colegas em espanhol, por telefone ou e-mail.
Segundo Jacqueline, também é válido estudar francês, italiano ou alemão. Nesses casos, acrescenta a especialista, a escolha do idioma pode vir da identificação do profissional com a cultura do país — o que acaba levando a contratações em empresas que exigem o idioma. Ou, pelo contrário, é o desejo de trabalhar em determinada multinacional que pode fazer com que o profissional se matricule nessa ou naquela escola de línguas.

— Tenho visto pessoas estudando italiano porque querem trabalhar na TIM. Ou francês, para tentar uma vaga na L’Oréal ou na Michelin — diz ela. — O fato é que uma terceira língua está se tornando indispensável. É uma tendência forte, movida pela globalização.
O diretor de Recursos Humanos da TIM, Orlando Lopes, explica que, na empresa, o conhecimento de italiano é o critério de desempate nos processos seletivos.

— Se houver dois candidatos com igual nível técnico, contrataremos o que souber italiano. Além
disso, estamos atentos a quem, na empresa, quer aprender a língua. Esse empenho é visto como uma demonstração de interesse, o que é sempre positivo.
O próprio Lopes se deu conta da importância do terceiro idioma na ocasião em que foi contratado para trabalhar na Renault — e precisou aprender francês:

— No início, eu fazia minhas apresentações em inglês. Os diretores e vice-diretores acompanhavam bem o que eu dizia. Os outros, não. Quando comecei a falar o idioma da empresa, passei a ser convidado para representá-la em eventos internacionais. Na TIM, aconteceu de forma semelhante.

Flávia Rodrigues Fonte: O Globo

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